quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Dia da Consciência Negra

Gente, apesar do texto não ser meu, eu senti que deveria compartilhá-lo com vocês. 

Acredito que debater temáticas relacionadas aos direitos humanos é essencial no sentido de conscientizar e formar seres humanos que respeitem e reconheçam o próximo como um igual. 

Esse poema carrega sentimentos fortes, que emocionam e nos fazem pensar sobre nossas atitudes, e até mesmo aqueles atos que consideramos pequenos, sem importância, mas que na prática podem estar reforçando preconceitos. Espero que se sintam tocados, tanto quanto eu me senti.  
Preta, eu sei

Eu sei que você não gostava muito de se olhar no espelho
Sei que seu cabelo era um problema
Preta, eu sei
Eu sei que a professora não tocava sua cabeça como a das outras meninas
Eu sei que você não tocava nos seus fios
Eu sei da dor que era desembaraçar
Eu sei também que vieram os apelidos
Eu sei que seu desejo era acabar com aquilo
Eu sei que nenhuma boneca sua se parecia com você
Ou nenhuma estrela de tv
Eu sei que você se achava menos bonita
Eu sei o que você fez pra escapar disso tudo
Você relaxou, não foi? Você alisou...
Você puxou, você esticou
Eu tava lá, preta... eu vi
Você se desenhou branca? Você sonhou com você tendo outro cabelo e outra pele?
Tava imposto, não tinha jeito
Você fingia ser outra pra alcançar respeito
Eu sei preta, que você se viu na outra preta que passou
Com seu cabelo solto, cheio de crespura e amor
Eu sei que você se viu
Eu sei, preta... você tem medo, né?
Você acha que seu cabelo não é digno de respeito
Você tem medo dos olhares e das reações
Mas preta, deixa eu te contar
Beleza maior em você, irá encontrar
Você nunca se sentiu completa com aquelas máscaras, não é verdade?
Você vai viver a beleza de ser você
Vai ver, vai gostar
Vai voltar pra me contar
Vem preta, solta esse cabelo
Olhe suas irmãs e veja quanto espelho
Descobriu seu poder?
Ninguém nunca mais vai te dizer
O que você tem que ser.

Bruna de Paula

A CONSCIÊNCIA É TODO DIA!

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Meu Antônio

Quando menino entrou em mim.
Teus olhos ávidos banhou-me em sede.
Na memória da janela dentro da noite
a procurar meu corpo... tão meu...
tão seu...
Lambe meu espelho que trêmulo 
repete em versos teu nome...
An...
    tô...
       nio...
que ecoa em brasas na manhã.
silencioso...
a procurar por mim...
                                a  e s p e r a r . . .
                                         enfim

Vera Melo

[Círculo Poético Xique-Xique - Ricardo Nonato]