sábado, 30 de agosto de 2014

Bel Borba - Intervém Urbano

A Caixa Cultural do Recife está mais uma vez com um belissima exposição, dessa vez do artista plástico baiano Bel Borba. São 88 obras de tirar o folego, com cores fortes e urbanas que trazem para o público o movimento da cidade de Salvador, despertando assim inumeras sensações que eu, particularmente, não consigo descrevê-las. 

Logo que cheguei a Caixa, nesta última terça, me deparei com os quadros de cores vibrantes de Borba e definitivamente logo de cara me encantei por eles. A exposição "Intervém Urbano" retrata justamente o cotiano através das lentes da camera de Borba, e acho que foi isso que me fascinou, a simplicidade de sua arte.   









quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Crônicas - Ah! Se eu pudesse...

Se Eu Pudesse E Se O Meu Dinheiro Desse,  eu moraria em casa e não em apartamento. E dizem que choro de barriga cheia. O prédio é bom, um apartamento por andar, terraço enorme, jardineira (quase um jardim), cozinha de casa-grande (e de senzala não se pode chamar as dependências de empregada). No Espinheiro. E (não sei atém quando) com vista para o mar do Recife e Olinda. Ah!, vizinhos de primeira, primeiríssima. Mas, pode crer, se eu pudesse e se o meu dinheiro desse, trocaria tudo por um casinha pequenina (com um coqueiro do lado).
                Onde hoje é o prédio, era a casa de meu pai. Jardim, quintal e oitão dos dois lados. Não tinha um coqueiro não, tinha dois. Caju, manga, abacate, mamão, pitanga, goiaba e banana. E o que não tinha lá, tinha nos quintais dos vizinhos: sapoti, pinha, araçá, azeitona (daquela pretinha, que deixa a língua da gente azul), jabuticaba, romã (pra comer no Dia de Reis ), jambo,  cajá, fruta-pão...
                Eu sabia o número da placa da casa de todo mundo da rua. Hoje, não sei o andar de quase ninguém. Se quiser ser gentil, apertar o botão do elevador para um vizinho, tenho que perguntar o andar. E alguns são meus vizinhos há mais de 20 anos. Aqui pra nós, nunca visitei vizinho nem fui visitado. Há, entre os que moram em apartamento, um certo orgulho dessa besteira: “Vizinho? Só dou bom dia, boa tarde e boa noite.” Gente fina é outra coisa.
                A rua antigamente era uma festa. No São João, fogueiras. Era só a gente se chegar pra ganhar milho assado ou pegar um tição pra acender bicha de rodeio e peido de veia. Uma vizinha mandava canjica de presente pra minha mãe; outra pamonha. Minha mãe devolvia os pratos com pé de moleque, bolo de macaxeira ou munguzá.  Televisão era novidade, nem todos tinham. Fui, durante bom tempo, televizinho na casa de Dr. Figueira. E minha casa era central telefônica para ligações e recados.
                Já contei essas coisas todas ou quase todas aqui, em mais de uma crônica. E, sempre que der vontade (e saudade), conto de novo.
                Agora, mesmo, tô num rolo que só sabe quem mora em apartamento. Ou, se não sabe, um dia vai saber: infiltração. Danação no juízo! E o que é pior: dessa vez, ao que parece, sou eu que tô infiltrado o apartamento de baixo. Desde as sete da manhã (já são quatro da tarde), três homens trabalhando. O apartamento tá um pandemônio. Tiraram mais de 300 quilos de esterco e terra da jardineira.
                A crônica agora, caro leitor, é ao vivo. Escrevo enquanto eles tentam descobrir de onde vem tanta água. Peraí. Júnior, o mestre de obra, descobriu. E tá me explicando: “A coluna hidráulica, que esgota a água das jardineiras laterais do prédio, tá entupida justo aqui, no seu andar.”  Azar o meu. Mais meia hora de trabalho. E a água, finalmente, entrou pelo cano.
                Amanhã, sete da manhã, recomeça a brincadeira. Recuperar o forro do apartamento de Murilo, meu vizinho de baixo, impermeabilizar e refazer a jardineira. Haja terra! E Esterco!
                Ah!, se eu pudesse e se o meu dinheiro desse pra morar numa casinha num lugar minimamente decente e seguro! Mesmo sem ter a romã de Dona Aurélia para o Dia de Reis nem a canjica de Dona Hilda no São João.

Joca Souza Leão

(2013)

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Sem Medo de Ser Feliz

"Estar feliz é como o voar da borboleta
Que além de ver tudo belo e florido
O coração e a alma...
Neste voo a felicidade enraíza"

Pra ser sincero, eu gostaria de está escrevendo um assunto bem polêmico, ou qualquer outra coisa, mas, hoje pude notar o quanto pequenos atos podem ser ao mesmo tempo grandiosos. Costuma-se falar muito sobre grandes profissões, dinheiro, política, futebol, fama, enfim, muito se fala sobre o que é necessário para ser grande, sobre investir no futuro, principalmente entre jovens, vivemos muitas vezes, para não dizer sempre, alienados, ilhados, seja pela tecnologia, seja pela a mídia da grande massa, raramente podemos ver jovens saindo da sua zona de conforto, para visitar uma comunidade carente, assumir um trabalho voluntário, ou simplesmente ir ao parque, estamos realizados com os nossos eletrônicos a tira colo, e esquecemos de viver.

Ouvi muito as pessoas falarem o quão Jornalismo é desvalorizado no mercado, que o meu curso não dá dinheiro, que bom mesmo é cursar Direito, Medicina, Engenharia, ou algo do tipo. O que entendi a partir disto é que as pessoas estão acostumadas a pensar em quanto irão receber, ou o quanto serão reconhecidas, mas, poucas pensam ou escolhem aquilo que irá fazê-las felizes, realizadas como cidadão. 

Sei que ao longo do curso irei mudar muito, talvez não pense mais assim, mas o que tenho em mente hoje é que o mais importante na vida é ser feliz, é compreender que o melhor caminho a seguir, sempre será aquele que me levará a felicidade, é ter amigos de verdade e com eles compartilhar os bons e os maus momentos, o que seria da vida se não fosse estas pequenas coisas, a amizade, o amor, o carinho, nada como a sensação de está entre amigos, em família, nada como poder dar uma boa risada num final de tarde, sentado no gramado de um parque qualquer com um bando de retardados, iguaizinhos a você.

A vida é curta demais para não aproveitá-la...

domingo, 24 de agosto de 2014

English Immersion Program - Belém do Pará

Pra ser sincero, não faço a minima ideia de como começar esse post. Quase dois meses depois da minha viagem a Belém do Pará decidi que eu não poderia deixar de escrever sobre aquela semana maluca, cansativa, divertida, e especialmente inesquecível que eu vivi. Tudo começou a partir do Programa Jovens Embaixadores,  eu participei das etapas seletivas, chegando a final, mas infelizmente, ou felizmente, hoje não sei dizer ao certo, não consegui a bolsa que me permitiria viajar para os Estados Unidos em janeiro deste ano. Em contrapartida, aqueles que chegaram a final, mas não viajaram ao exterior, consequentemente, estariam inseridos no English Immersion Program que tem por objetivo propiciar ao jovem finalista uma semana de imersão na cultura americana, mas sem deixar o seu pais.

A viagem poderia ser pra qualquer cidade, então desde o final do processo seletivo, quando saíram nossos nomes na lista, ficamos esperando por detalhes sobre essa tal semana, dias passaram, aulas começaram, até que começamos a receber os benditos emails, onde? Belém quando? Junho/Julho, e assim as expectativas reaparecem, os preparativos começam, e conforme o dia ia chegando, a ansiedade aumentava. 

Belém foi uma caixinha de surpresas, pessoas que eu até então não conhecia, de repente passaram a fazer parte do meu dia a dia, e aos poucos, ou não, fui conhecendo a cidade que por sinal é linda. A nossa programação começava às 8h da manhã e geralmente acabava por volta das 11h da noite,  oficialmente né, porque como o primeiro andar do hotel "contaminado" por nós, 55 jovens completamente loucos, nós, consequentemente adentravamos a madrugada acordados, como zumbis, cansados, mas sem querer perder nenhum minuto, detalhe, aventura.

E, assim, aquela semana ia fazendo história nas nossas vidas, pontuada de momentos especiais e pessoas especiais. Eu que particularmente adoro esse tipo de experiência, desde a oportunidade de conhecer pessoas à lugares, toda essa infinidade de sensações que o simples ato de viajar permite, não poderia ter voltado pra casa sem uma mala carregada de bagagens e emoções, e com gostinho de quero mais. 

Tivemos a oportunidade de conhecer os pontos turisticos da cidade (ainda estou frustado porque não consegui tirar foto no cemitério), e isso inclui um maravilhoso passeio de barco, praticar esportes, aula de dança, picnic, tarde de karaokê, e é claro praticar o inglês, já que tinhamos que falar na língua inglesa durante todo o programa.

Essa foi no mínimo uma semana para ficar na memória.









sábado, 23 de agosto de 2014

O Heroi Perdido - Rick Riordan

Sete meio-sangues responderão ao chamado
Em tempestade ou fogo, o mundo terá acabado.
Um juramento a manter com um alento final,
E inimigos com armas às Portas da Morte afinal.

Deixei a preguiça de lado e resolvi escrever aqui. Estou finalmente de férias da faculdade, e um dos meus passa tempos favoritos nesse período é ler, é claro, então depois de "Crônicas, Joca Souza Leão", comecei a ler "O Heroi Perdido", que a princípio, apesar de já ter lido e amar a série "Percy Jackson e os olimpianos", não estava curtindo muito o livro, talvez por ter passado tanto tempo sem ler algo simples e despretenciosamente. Mas, aos poucos Rick, foi me conquistando outra vez e já estou mais que ansioso para começar a ler a sequencia,  que começarei em breve, e espero terminar antes das aulas voltarem. 

O livro começa com novos personagens, Jason Grace, Piper McLean e Leo Valdez, e aos pouco apresenta-os ao leitor, ao mesmo tempo que os envolvem na boa e velha história que já conhecemos muito bem, então velhos personagens como Annabeth, Quíron, entre outros, aparecem, assim como eles acabam indo parar no Acampamento Meio-Sangue, e uma nova grande profecia surge dando início a um novo caos no mundo dos herois. Nesse meio tempo nosso querido Percy Jackson está desaparecido e Annabeth dedica-se incansavelmente a descobrir seu paradeiro, mas sem obter sucesso. 

Este é um livro de leitura fácil, assim como os demais livros de Rick, mas não deixa de ser interessante, na verdade, o mesmo me fez lembrar como é bom ler livros simples outra vez, e eu decididamente recomendo-o, especialmente a jovens leitores.

Filho do trovão tome cuidado no chão,
Da vingança do gigante os sete nascerão.
A forja e a pomba devem abrir a cela, 
E liberar a morte pela raiva de Hera...

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Crônicas - Evocação da rua

Le Corbusier pensou que as pessoas seriam mais felizes e sociáveis morando em edifícios do que em casas, por ocuparem um mesmo espaço, ainda que vertical, compatilharem áreas comuns e conservarem um patrimônio que, afinal, era de todos. Condominium, propriedade em companhia de socius, aliado, amigo.
Da infância à juventude, morei em casa, Conhecia todo mundo da Rua Nicarágua. Sabia o múmero da placa da casa de cada um. (E lembro até hoje.) Morando em apartamento, não sei os andares dos meus vizinhos, alguns, nem os nomes.
Quando arriava a bateria dum carro, não faltava menino pra empurrar. A gente brincava em rua de terra, sem calçamento. Pega, vôlei, espião e academia, meninas e meninos. Badoque, futebol, bicicleta, papagaio, pião e bolda de gude, só os meninos. Não me lembro de meninas entre elas na rua; sozinhas, brincavam no quintal de casa. À noitinha, conversavam sentadas no meio-fio, arrumadas, calçadas, cheirinho de água de colônia.
Vez por outra, eu ouvia a voz de Dona Cremilda e via-lhe a mão por sobre o muro, segurando uma xícara vazia: "Diga a sua mãe que estou precisando de uma xicrinha de azeite." No dia seguinte, a xícara voltava mais cheia do que tinha ido.
Minha casa era das poucas que tinha telefone. "Por favor, pode dar um recado na casa de Dr. Fernando? "Posso usar o telefone?" "Dona Malva pediu pra chamar um carro de aluguel" (o táxi de antigamento, sem taxímetro). A casa de Dr. Antônio Figueira foi a primeira a ter televisão. A gente, televisinhos. Mais de vinte meninos sentados no chão da sala.
Carambola do quintal de Mário Leão e Cazuza Holanda; goiaba e uva branca de Seu Oswaldo; cajá de Dr. Paulo Otaviano; fruta-pão e azeitona de Gilberto Osório; pitomba, sapoti e cana do sítio da esquina; manga de todo canto; e caju e coco lá de casa.
Seu Oswaldo e Dona Léa passeavam na calçada de braços dados antes da ceia, para inveja das mulheres de maridos que não passeavam.
No São João, bandeirinhas de papel coloridas e fogueiras na rua. A maior era sempre a de Dr. Bezerra. Dona Léa fazia um balão com as cores do Sport, que precisava de escada e muitos homens para soltá-lo.
"Mamãe mandou essa canjiquinha pra Dona Lenyr." No dia seguinte, minha mãe fazia um bolo pra não devolver o prato vazio.
Aos quarenta e poucos anos, voltei a morar na Rua Nicarágua, no edifício que foi construido onde fora a casa de meu pai. Não conheço ninguém. Nunca visitei nem fui visitado. Sei o nome de poucos. Por vezes, quero ser gentil, apertar o botão do elevador. Mas não sei o andar em que moram.
Hoje, é educado e fino não se interessar pela vida dos outros. Como se interesse e convivência fossem sinônimos de bisbilhotice. "Só quero saber da minha porta pra dentro."


Le Corbusier imaginou condôminios felizes porque não conheceu os vizinhos da Rua Nicarágua. Não ouviu os vendedores, a gaita do amolador de tesoura nem o triângulo do cavaquinho. Não viu namoro no ortão, não ganhou romã de Dona Aurélia no Dia de Reis, não comeu a macarronada de Dona Hilda nem leu Manuel Bandeira: "A gente brincava no meio da rua".

Joca Souza Leão

(2006)

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Playlist - Top 3

Esse post é apenas consequência do meu desejo de compartilhar com vocês as três músicas que mais estou ouvindo no momento, a primeira delas me foi apresentada semana passada, "Somebody that I used to know, Gotye (feat. Kimbra)", e apesar de eu já conhecê-la, foi como se eu estivesse ouvindo-a pela primeira vez, e, por conseguinte, acabou despertando emoções diferentes, inexplicáveis até, o que me faz não parar de ouvi-la. A segunda, "There's too much love, Belle and Sebastian", já fazia parte da minha playlist, mais precisamente das minhas músicas favoritas, há algum tempo e depois de vê-la na trilha sonora do filme "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho", esta ganhou uma nova roupagem pra mim porque sempre que eu ouço-a necessariamente associo ao filme e começo a relembrar alguns momentos do mesmo. A última, das top 3, é "All of me, John Legend", tanto na versão original quanto o cover de "Boyce Avenue" essa música, na minha concepção é.. perfeita e é isso, ela não sai da minha cabeça.