quarta-feira, 30 de julho de 2014

Poesia

meus curtos surtos
hipnagógicos
são o que tenho
de mais real
nessa vida:
meus curtos surtos
pseudológicos
deixam a tudo 
mais surreal:
sei que nada sei
claro
clichê socrático
que eu mato 
com essa dúvida
hipocartesiana
que meus curtos surtos 
hipnagógicos
fazem questão
de enfiar
goela abaixo
dessa coisa
chamada viver:
eu vivo
num suave sofrer
dum curto surto
pra outro

J.Castro

O Mar de Fiote


Um espetáculo simples, mas sem deixar de ser encantador, “O Mar de Fiote”, dirigido por Luís Reis (que por coincidência faço ‘História do Teatro’ com ele) e baseado na obra de Mariângela Haddad, consegue sensibilizar a plateia desde o primeiro momento, com um texto simples e profundo ao mesmo tempo, os atores tomam o palco e com uma leveza admirável a peça se desenrola. A sequencia de cenas, a caracterização dos personagens, o jogo de luz, e com quase nenhum cenário, foram com certeza fatores fundamentais escolhidos com maestria pela direção do espetáculo para que em conjunto com os atores conseguissem tocar o expectador de uma outra maneira, via-se uma plateia calma mas, atenta, ninguém queria perder nenhum detalhe, e nos minutos que se seguiam ‘Fiote’ ia conquistando um a um ali presente.



É incrível como a vida pode ser surpreendente, eu tinha tentado assistir essa peça no último domingo no Teatro Joaquim Cardozo, mas não deu certo e eu fiquei muito chateado porque naquele dia estavam encerrando a temporada no local, então ontem sem esperar eu descobri que o mesmo estaria acontecendo no CAC (o prédio que eu estudo na federal), não pensei duas vezes e fui assisti-lo o que eu não sabia era que iria sair totalmente encantado pelo mesmo, e ainda para completar tanto a autora da obra quanto o diretor da mesma estavam na plateia, permitindo que houvesse um debate e esclarecimentos no final, ou seja, pacote completo.

Eu sou um completo apaixonado pelas artes cênicas e ultimamente estive lamentando o fato de não ter ido muitas vezes ao teatro este ano, mas irei tentar recompensar daqui pra frente, e é claro escreverei aqui sobre o que estiver por vir.

Até a próxima

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Cinema - Hoje Eu Quero Voltar Sozinho

Finalmente, consegui assistir "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho", 3 meses e 6 dias após o lançamento, sem contar todo o tempo de espera de antes do mesmo, bom, o que importa é que como um milagre eu descobri que estava em exibição no Cinema São Luiz,  e então não pensei duas vezes, era a minha oportunidade de assisti-lo, e assim o fiz. 


Então, o que dizer sobre o filme ? Há tantos pontos que eu gostaria de destacar, desde o enredo, que mesmo para as pessoas que já conheciam o curta, que tinham uma noção do que o filme iria abordar, o longa não deixou de surpreender, inovando em diversos sentidos como a relação super protetora dos pais para com o Leo, o preconceito a partir dos colegas em relação a Leo no colégio, o desejo dele de fazer intercâmbio, o novo horizonte que se abriu em sua vida a partir da chegada do Gabriel, esses e outros acontecimentos permitiram ao filme desempenhar um papel social, ao expor e criticar certos comportamentos da sociedade. 


Eu particularmente amei as cenas entre o Leo e o Gabriel, o momento da dança, o cometa, o beijo, diga-se de passagem que eu já era fã desse casal e o longa só fez com que eu me apaixonasse ainda mais por eles. A trilha sonora do filme é perfeita, com destaque para a música "There's Too Much Love, Belle & Sebastian" que rouba a cena marcando os momentos mais emocionantes entre o casal protagonista. 


Não dá pra negar que eu estou completamente apaixonado por este longa, o diretor, Daniel Ribeiro, está de parabéns pelo excelente trabalho. Não poderia deixar de mencionar que o filme ganhou o Teddy Bear, um prestigiado prêmio da crítica voltado aos filmes de temática homossexual no Festival de Berlim. 


Os temas levantados pelo longa como a busca pela identidade e independência, sexualidade, preconceito, enfatizando em todo o universo de descobertas comum a qualquer adolescente, são expostos de uma maneira tão peculiar dando a sensação que o expectador está vivendo todas aquelas emoções junto com os personagens, para mim esse é um dos pontos forte de "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho", porque eu vivi o filme, de alguma forma, enquanto eu assistia, e talvez seja por isso que este longa encantou todo o Brasil, e por que não dizer, o mundo.